Os municípios de Caçapava do Sul e Lavras do Sul decretaram situação de emergência, em função da estiagem, que já provocou danos irreversíveis nas lavouras de soja da região. Na semana passada, o prefeito de Cachoeira do Sul, Leandro Balardin, havia anunciado que seguiria pelo mesmo caminho já adotado por outros 60 municípios gaúchos.
O prefeito de Lavras do Sul, Renan Delabary afirma que o decreto do município foi amparado tanto por laudos da Emater, quanto da Defesa Civil do município. “A situação é de muita tristeza. Conversei com um produtor que planta 4 mil hectares, dos quais 1,5 mil hectares já estão perdidos. Outros produtores já perderam 50% e até 100% da área”.
A situação é corroborada pelo Departamento Técnico da Cotrisul, que contribuiu na avaliação dos danos feita pelos municípios antes da decisão de emitir os decretos. A estiagem é reflexo da formação do fenômeno La Niña, que provoca muito calor e pouca chuva.
Na avaliação de Fábio Rosso, gerente do Departamento Técnico da Cotrisul, a situação, que já preocupava no início de janeiro, se agravou nas últimas semanas. “Onde não choveu, o quadro já se agravou entre 30% e 40%, causando aborto de flores e legumes produtivos, e, em alguns locais, a morte das plantas. Mesmo as regiões que registraram chuvas regulares, necessitam de novas precipitações nos próximos dias.”, disse ele, ao estimar que a produtividade na região não passe de 40 sacos por hectare, de média. “Isso se voltar a chover”.
Bruno Zago, agrônomo da Cotrisul e produtor de soja na região do Carajá Seival, em Caçapava do Sul, apontou que os problemas com a seca começaram na segunda quinzena de dezembro, se arrastaram por todo o mês de janeiro e seguem até o início de fevereiro, completando praticamente 45 dias de estresse hídrico e altas temperaturas. “Os danos são irreversíveis nas variedades de ciclo precoce, o que, para mim, representa 25% da área. O prejuízo nessas áreas já passa de 60%, e nas áreas de ciclo tardio semeadas no fim do calendário de plantio, os danos não são tão expressivos, mas existe uma perda de potencial produtivo, que dependerá da normalização das chuvas nos próximos meses”, explica.
Dias de Campo permitem avaliar desempenho das variedades de soja
A Cotrisul irá realizar dois Dias de Campo no final de fevereiro, que permitirão aos produtores avaliar o desempenho de 40 cultivares de soja. As mostras ocorrerão na região do Faxinal, em Caçapava do Sul, no dia 25, e em área vizinha à unidade Cotrisul Piratini, em Piratini, no dia 27.
Para o produtor Bruno Zago, somente com o compartilhamento de informações e conhecimentos entre produtores e profissionais haverá evolução para um futuro sustentável: “Os dias de campo são importantes pausas no dia a dia para observar novas opções, saber o que existe de mais moderno e avaliar qual a melhor alternativa em termos de variedades, proteção de cultivo e manejo”, avaliou.
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